Quando conheci a Arani em março de 1966, ela já era dirigente dos Cursilhos de Cristandade. Sua Mãe participou do 6° Cursilho feminino de Campinas, assim como eu. A Tilica, mãe da Arani, foi a ‘artista plástica’ de nosso grupo, na época, chamado decúria, e contou, toda orgulhosa, que sua filha fazia parte da equipe de dirigentes.
Estando encantadas como estávamos, era a maior glória ter no nosso grupo a Mãe de uma dirigente. No 7° Cursilho Feminino, fui convidada a participar da equipe de dirigentes, graças ao testemunho dado no final de meu Cursilho. Arani e eu logo ficamos amigas. Arani era um baluarte do Movimento e dava diversas palestras, que chamávamos de ‘rollo’. A partir do 8° Cursilho eu também dei algumas palestras. Em nossa experiência no trabalho com as senhoras, percebíamos duas situações:
1° algumas senhoras estavam revoltadas com o Movimento porque seus maridos, tendo se engajado, as faziam sentir-se excluídas até de suas vidas; tantos eram os segredos.
2° outras senhoras se arrependiam por não haver permitido que os maridos freqüentassem o Movimento.
Conseguiriam recuperar tamanha perda? Quando em 1967, Maria Lamego, braço direito de Pe. Harold Rahm – SJ, e ele me convidaram para trabalhar no 1° TLC (Treinamento de Liderança Cristã) para jovens, que estava se iniciando na Vila Brandina, fiquei toda entusiasmada e logo fui encarregada da montagem das equipes. Uma das primeiras que convidei foi a Arani, que logo aceitou. Não eram todos que aceitavam porque não se sentiam à vontade para falar aos jovens e nem com os jovens.
Além do mais, o pessoal do Secretariado de Cursilhos não via com muito bons olhos o trabalho do TLC, acredito que por medo de que, tendo os jovens uma profunda
experiência de Deus no TLC, faltaria clientela futura para o Cursilho. Que bobagem! Ainda bem que Dom Antonio Maria Alves de Siqueira, Arcebispo da Arquidiocese, ordenou que o Secretariado de Cursilhos parasse de hostilizar o TLC. Eu, que representava, com a Zelinda Landwerkamp, o setor feminino no Secretariado, e que, ouvia constantemente recriminações e críticas sobre o TLC, me alegrei quando veio a ordem de Dom Antonio.
Lembro-me muito bem de ter dito: “Os homens se acham mais inteligentes do que as mulheres, mas eu descobri por mim mesma o valor do trabalho com os jovens. Não precisei esperar o Arcebispo mandar”. No trabalho com os jovens percebíamos que a sua maior dificuldade era não encontrarem eco em casa. Os pais ficavam fazendo cobranças exageradas, em desacordo com as próprias vivências. Lembro-me do desabafo de uma jovem de Americana – SP, cuja mãe trabalhava no Cursilho: “quando minha Mãe fala no Cursilho é tudo da boca para fora, porque em casa é bem diferente!”. É horrível constatar que os jovens não vêem autenticidade em seus lares.
Meu sonho era reunir as famílias e dar a oportunidade de vivenciarem o amor. Para o Mini TLC que iniciei com Pe. Haroldo, em 1969, a condição para que os filhos adolescentes fizessem o Encontro era a participação dos Pais em um domingo inteiro. Era uma maneira de atingir toda a família. No roteiro eram três palestras:
1° O ser humano perante si mesmo.
2° O ser humano perante a família e a sociedade.
3° O ser humano perante Deus.
Mas, sendo obrigatório, não atingia o objetivo desejado. Alguns pais até se aborreciam e participavam de má vontade. Também fui convidada, uma vez, a dar uma alestra na Escola de Dirigentes do Cursilho, com o tema ‘Família’. Mas foi só. Nem podia pretender mais, pois Dom Hervaz criou o Movimento de Cursilhos e ele é quem sabia o que queria. Quem era eu, uma simples Nely, para querer modificar o que outro criou. Eu não queria modificar o Cursilho, mas queria que marido e mulher assistissem juntos temas sobre filhos, família, lar.
Sendo Arani e eu duas leigas engajadas e disponíveis nos trabalhos de apostolado, não foi difícil termos sido nós as indicadas quando Pe. José Calvão-SJ precisou de alguém para começar um Movimento para as senhoras da Paróquia Bom Pastor, funcionando então no Centro Social Presidente Kennedy, no Bairro de São Bernardo, em Campinas-SP.
Numa primeira reunião, com Pe. José, foi proposta a nossa adesão e ficou combinado que, cada um dos três, projetaria um esquema para o Encontro que iria se iniciar. Marcada a reunião seguinte, saímos para planejar. Em casa, estudando a realidade do bairro, cujos moradores eram famílias de operários, achei que além da espiritualidade, seria necessário também algo voltado para emprego e saúde.
Conversei com o Dr. Sebastião Morais, meu amigo, e voltado para o social, além de ser dirigente de Cursilho. Ele topou imediatamente a colaborar e deu idéias. Na hora combinada lá estávamos, Pe. José e eu para apresentar nossas idéias. Era no escritório de Advocacia da Arani, que nos recebeu calorosamente. Pediu para ser a primeira a expor o esquema. Foi lindo! Ela falava com entusiasmo sobre fazermos o Encontro em torno dos Sacramentos, e disse: “Os sacramentos são a grande riqueza da Igreja deixada por Cristo e não são vividos.” E ela foi explicando a seqüência das palestras e o seu por que. Estava pronta a espinha dorsal. Achamos perfeito Pe. José e eu nem chegamos a apresentar nossos roteiros.
Lembro-me de eu ter olhado pela janela, lá no terceiro andar do Edifício Banco Segurança, e ter dito: “Podemos chamar de OVISA (ORIENTAÇÃO PARA A VIVÊNCIA SACRAMENTAL).” Estava criado e batizado o nosso Movimento. Aprofundamos o estudo dos Sacramentos e distribuímos os temas do Cursilho inserindo-os nas respectivas palestras, associando o compromisso ao manancial de graças que recebemos em cada Sacramento. Assim ficava claro a relação da vida com a vivência de cada um deles. Essa é a proposta do OVISA, despertar para a íntima relação fé e vida. Preparar a equipe não foi difícil, pois contamos com dirigentes de TLC e do Cursilho.
O sonho ficaria para depois. Pe. José não concordou em realizar o Encontro para Casais. Os homens já realizavam o COLOCO (Curso de Liderança Cristã) para homens e não abririam mão dele. Naquela época ninguém estava atento para a necessidade de despertar juntos marido e mulher. Assim realizamos o OVISA só para senhoras, a 30/11 e 1/12/1968. Eu tremia de medo, pois fiquei encarregada de coordená-lo. A equipe era formada de companheiros de Cursilho e de TLC, mas a responsabilidade era nossa. Arani foi buscar-me em casa e, quando subia o viaduto, rumo ao São Bernardo eu disse: “Arani, volte, eu estou com dor de barriga.” Ao que ela firmemente respondeu: “Lá também tem banheiro.”
A primeira experiência foi um sucesso. E hoje, todos nós sabemos disso quando termina um OVISA. Estamos cansados, mas felizes com o resultado. Pois bem, em 22-23/02/1969, no 2° OVISA para senhoras, Pe. Irineu Danelon-SDB, coordenador da Pastoral do Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, que fora auxiliar a atender as confissões, ficou impressionado com o resultado, (e muitos padres já me disseram que só quem atende confissões conhece realmente o efeito do OVISA).
Voltando Pe. Irineu, para ajudar a atender confissões no 3° Encontro, a 26 e 27/04/69, confirmou a boa impressão e decidiu-se. Foi quando nos pediu que realizássemos o OVISA para pais de alunos do Colégio. Nosso sonho iria se concretizar; OVISA para CASAIS. Era a nossa grande oportunidade! Não a perderíamos. Nessa época, no Colégio havia alunos internos, cujos pais, na grande maioria, eram separados. Nossas condições foram que houvesse também a participação de casais de fora e que se convidassem casais que tivessem boa vivência familiar.
Motivos:
- Para que, nos intervalos e trabalhos em grupo, o papo não se restringisse a assuntos escolares.
- Para que não parecesse que a normalidade era o desajuste.
Como pupilas de Pe. Haroldo, sabíamos que não se começa um trabalho, em âmbito Diocesano, sem a autorização do bispo da Diocese. Sentíamos que o OVISA estava se expandindo. Nossa Senhora, sob cuja proteção nós íamos caminhar, haveria de nos ajudar. Fomos pedir autorização para o Arcebispo Dom Antonio Maria Alves de Siqueira. Ele não queria, de maneira alguma, concordar. Insistia que já havia os cursos para noivos e eu respondia que estávamos pensando nos casais casados e muitos, mal casados.
Que os cursos de noivos, sendo obrigatórios, não poderiam dar o mesmo resultado, ainda mais que os noivos, imaginando que suas vidas seria um mar de rosas, não estavam buscando solução. Não desistíamos de argumentar. Foi tanta a nossa insistência que Dom Antonio, talvez para ver-se livre de nós, acabou dizendo: “Está bem, façam a experiência, por um casal que aproveite vale todo o Movimento.” Era o que esperávamos. Suas palavras ainda ecoam em meus ouvidos e em meu coração.
O Mário, meu marido, logo tomou consciência de que não poderia mais ficar na retaguarda, como grande colaborador que era, e não se fez de rogado. Foi o
primeiro a aderir. Fui conversar com Pe. Rolando Jalbert – CSC, Diretor do Centro de Orientação Familiar, para perguntar quais seriam os maiores motivos de desagregação familiar. Espantei-me quando respondeu que era o dinheiro: pouco ou muito. Claro que expliquei o motivo de minhas perguntas. Ele deu a maior força, achou ótima a idéia de organizarmos um Encontro para Casais; e indicou diversos nomes de pessoas que poderiam enriquecer a nossa equipe.
Mário e Arani aprovaram a minha iniciativa e concluímos que deveríamos convidar os casais indicados por Pe. Rolando para um papo. A reunião foi muito proveitosa e recebemos adesão de todos, pois achavam muito boa a idéia do OVISA ser um Encontro para Casais. Ficamos com uma relação de nomes que nos serviram muito. Enquanto Pe. Irineu convidava pais de alunos e paroquianos, nós montávamos e preparávamos a equipe. Refizemos os horários, porque ficou claro que teríamos de introduzir a palestra de Pais e Filhos. E claro teria que ser criado um momento de Namoro. Todo o OVISA teria que ser adaptado para casais.
Além de casais indicados por Pe. Rolando, como sempre, pudemos contar também com o apoio de casais que trabalhavam no TLC e nos Cursilhos e que, sentiam como nós que não estávamos atingindo aquele objetivo que seria a integração do homem e da mulher num plano de amor dentro de sua origem, que é o lar. Após a montagem da equipe, reuniões e reuniões se seguiram. Como formaríamos os grupos? Será que era melhor separar homens e mulheres? As opiniões divergiam. Eram tantas as dúvidas e perguntas.
Enquanto trabalhávamos em Cursilho ou TLC era só seguir as instruções e a responsabilidade era de Dom Hervaz, que havia criado os Cursilhos lá na Espanha e de Padre Haroldo, que iniciara o TLC. Agora a responsabilidade era nossa. Haja joelhos. Os da Arani, que era muito rezadeira, já tinham calos. Estou certa de que um dos motivos do sucesso do OVISA foram orações de Dona Helena, avó da Arani, que rezava em polonês, e de nossas mães. Nossa Senhora deve ser poliglota para entender todas as línguas. Minha mãe e a mãe dela demonstraram o maior interesse. Foram oferecidos muitos terços que moveram o Espírito Santo, e Ele não se fez de rogado. Despejou luzes em profusão.
Primeiro Ovisa Para Casais
A 21 e 22 de junho de 1969 realizamos o primeiro Encontro para Casais na Orientação para a Vivência Sacramental – OVISA, no Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas-SP. Dos 700 convites enviados pelo Pe. Irineu, para pais de alunos, e dos convites feitos nas missas da paróquia, apareceram 7 casais. É isso
mesmo, sete. Aguardamos mais um pouco com esperança de que chegasse mais algum. Eram mesmo só sete.
Por sua grande experiência nos Cursilhos tínhamos convidado Pe. Mário Zuchetto-CSS para observar, analisar e dar a sua opinião, e ele estava atento. O casal Terezinha e Plínio Witacker fez a abertura, dando o Plano de Deus. Logo depois, a Arani a todos cativou, dando a palestra de Batismo. Percebíamos que os casais se entreolhavam. Ficava evidente a diferença de um Encontro para Casais. Chegado o primeiro trabalho em grupo, pelo número de participantes, resolvemos fazer um grupo de homens, outro de mulheres. Fiquei na coordenação do grupo feminino e pude constatar o interesse de todas elas. Eram mães de alunos, mas nem cogitaram de assuntos escolares.
Depois da palestra de Crisma dada pelo Divino Frare, o clima cresceu. O fato de ele estar sozinho não afetou em nada, porque ele falou tanto sobre a Maria Gorda, sua mulher, que era como se ela estivesse presente. Ele brincando, foi falando verdades que calaram nos corações. No trabalho em círculos, senti o efeito e me preocupei; a palestra seguinte seria Unção dos Enfermos, conhecida por muitos, como Extrema Unção. Desceria o clima? Bernadete e Aldo Zapelini falaram com facilidade, salientando que era a ignorância religiosa que fazia temer o Sacramento da Unção dos Enfermos, um verdadeiro passaporte para a entrada na Vida. Foi lindo e o clima não desceu. O casal Sofia Helena e José Vicente deu o Sacramento da Ordem. Era a visão de leigos a respeito do Padre. Como eles acolhiam frequentemente em sua casa, os padres, foi fácil dar testemunho e quebrar preconceitos. Coube a Padre Irineu falar da Penitência e dos Obstáculos à Graça. Com seu jeito simples e exemplos concretos, nos motivou a todos. Percebíamos que os casais, que evidentemente sentavam-se juntos, se cutucavam. As duas perguntas deixadas por ele eram para ser respondidas por cada um, para si mesmo. Padre Mário dirigiu a Assembléia, respondeu às perguntas e completou com o Filho Pródigo. Os casais foram tocados profundamente e depois da visita ao Santíssimo voltaram para suas casas. Não tivemos dúvidas que todos estariam ali no dia seguinte. Como de fato estavam.
No domingo, pela manhã, o Plínio deu uma repassada pelos sacramentos já apresentados, e confirmou que, conforme o prometido, o dia ia ser mais alegre e cheio
de surpresas. A primeira palestra de Matrimônio dada pela Claudina e pelo José Gisbert além de muito orientadora foi um testemunho de amor, fidelidade e fé. Contaram sobre a filha com Síndrome de Down, cujo interesse dos pais e irmãs acabou se tornando mais um elo de união na família. Lígia e Heitor Regina deram a segunda palestra de Matrimônio com a facilidade de advogado e professor, explicando muito bem as diferenças de personalidade e reação de homens e mulheres. Era evidente que, para alguns, era uma descoberta.
Eglantina e Otaviano Stédile deram a palestra de Matrimônio: Pais e Filhos, e puderam falar com conhecimento de causa, porque tinham filhos crianças, adolescentes e jovens. Pe. Irineu teve a feliz idéia de convidar uma jovem, filha de um casal separado, para contar um pouco de sua impressão a respeito de um lar desestruturado.
Atingiu principalmente um casal que vivia uma situação semelhante. Antes do almoço foi feita uma mesa redonda aberta a perguntas. Houve muitas perguntas o que revelou o interesse de todos. Quanto ao almoço, na dúvida de quantos casais viriam, Pe. Irineu havia mandado providenciar uma quantidade enorme de pão, e eu nunca vi tanto frango a passarinho. O Eduardo Lima e o Mário, muito gulosos se deliciaram. E não foram somente eles. Aliás, o Mario que também nunca havia participado de um OVISA estava encantado.
Ele que apenas tinha feito o Cursilho, para eu poder participar, o que era a regra na época, e já fazia tanto tempo; ficou mesmo entusiasmado e convencido da importância do trabalho com casais. Depois do almoço, chegou a hora do Namoro. A mim cabia fazer o convite. Passei um papel para a Arani escrito: “Ponha aqui lembretes para eu falar no convite para a hora da paquera.” Ao que ela respondeu: “passear como passeavam quando namorados, noivos de braços dados, um
amparado no outro, um amparando o outro. (falar que você passeia com o seu marido de mãos dadas e os filhos gostam).
Conversar com sinceridade. Com o coração. Com toda simplicidade. Não ter um, vergonha do outro. Romper todas as estruturas e tabus adquiridos no decorrer da vida. Esquecer o passado. Hoje é um novo começar. Dizer marido à mulher o que pretende fazer para que o outro seja mais feliz. O que interessa é o novo viver agora, não o passado. Um dizer ao outro o que fará para vencer os próprios defeitos. Mostrar como você namora o Sr. Mário, passeando, em casa. Tudo deve ser natural, pois um dia, se casaram por amor”.
Pode parecer estranho eu repetir exatamente as palavras da Arani, mas, uma das preciosidades de nosso arquivo, acervo ou, como costumo chamar, Nosso Museu, é a folha de papel, que conservo até hoje e que mantenho dentro de um plástico, para melhor preservar. Tenho ótima memória e tenho todas as anotações do começo; por isso não é difícil contar essa história. Aliás, ao escrevê-la, revivo cada momento e cada situação. Quanta saudade!
De fato, faz parte de nosso ACERVO o primeiro caderno, todo escrito a mão e infelizmente, a lápis, o roteiro do primeiro OVISA. Há, também, a primeira avaliação do OVISA para Senhoras, as primeiras equipes, etc. Tem a transformação do OVISA para Encontro de Casais. É preciosa a avaliação: da equipe, de Pe. Irineu, de Pe. Mário Zuchetto. Foi uma pena que eu, tão orgulhosa na época, não tenha aceitado a sugestão de Pe. Mário de mudarmos o nome do Encontro, “porque, falar de sacramentos, já no nome, cheira a coisa de padres, e afasta”.
Contar tudo isso me dá a oportunidade, de reviver aquele passado gostoso em que o Mário e a Arani estavam vivos e em que nos reuníamos para programar tudo o que estou agora contando. Que bom que nós éramos felizes e sabíamos. Tenho tanta pena das pessoas que, só depois que perdem, percebem o valor do companheiro, da
vida, do momento. Eram felizes e não sabiam. A Hora do Namoro foi um sucesso. Percebemos tanto diálogo! Notamos que marido e mulher se aproximaram.
Confirmamos aquilo que eu já sabia: a importância de estarem juntos fazendo o Encontro e serem tocados profundamente pela experiência de Deus, ao mesmo tempo. Depois do namoro, veio a Eucaristia, palestra apresentada pelo Eduardo Lima, um baluarte do Movimento do Cursilho que, acostumado a falar para os homens, batia
na mesa e berrava. Foi chocante. Esqueceu que não falava só para homens. Graças a Deus todos estavam tão satisfeitos que não chegou a abalar ninguém. Veio o Deserto. Fizemos uma visita ao Santíssimo. Foi comovente, diante do Sacrário, a consagração de Pe. Irineu às famílias. Ao aviso de que havia sacerdotes para atender quem quisesse se confessar; todos procuraram os sacerdotes e alguns juntos, marido e mulher.
Quando a Denil e o Zuza deram a Mensagem Final, ensinando a rezar o terço e falaram sobre Nossa Mãe e padroeira, falando também sobre a importância de usarmos os talentos recebidos, percebemos o amor que todos sentimos por Nossa Senhora. No abraço final, quando perguntamos: “O que foi o OVISA para você?” todos foram unânimes em revelar a profunda experiência de Deus vivida. Ao convite de participarem da reunião na terça-feira, estávamos certos de que todos estariam presentes.
Havia na Celebração da Eucaristia, momento culminante do Encontro, realmente uma vibração diferente. Os casais participaram da procissão de entrada e do Ofertório. O fato de serem só sete casais contribuiu para que cada um tivesse participação. Foi verdadeiramente uma Missa de Ação de Graças. Pe. Irineu criou momentos importantes como: a renovação do Sacramento do Matrimônio; a Comunhão nas duas espécies, o abraço da paz (que não se costumava dar na época); a Oração do Pai Nosso de mãos dadas e a benção das alianças. Após as despedidas calorosas, marcamos para a equipe, uma reunião de avaliação para o dia seguinte.
Reunião de Avaliação
Todos da equipe estavam presentes. A primeira coisa que percebemos foi que os casais deveriam ter participado juntos no trabalho em grupo. Estávamos de acordo sobre a importância do Encontro para Casais. Precisavam ser feitos alguns pequenos ajustes e a maior preparação da equipe, por exemplo: a palestra Plano de Deus deveria servir de apoio para todos os sacramentos, como uma introdução.
Outra coisa que ficou clara, e que não me canso de repetir: tem que haver a participação dos palestrantes, pelo menos, até a sua palestra. Isso evita estar repetindo casos e exemplos. E depois, devem permanecer mais algum tempo, dando a oportunidade dos participantes esclarecerem alguma dúvida. Arani comentou a opinião do Cônego Carlos Menegazzi, pároco da Igreja Coração de Jesus que, quando convidado por ela disse: “Precisamos de Comunidades e não de cursos. Seria mais válido serem feitos cursos nas paróquias, para depois do curso haver a orientação do pároco.” Passado tanto tempo, descobrimos o quanto ele estava certo. Como já contei, Pe. Mário começou suas observações falando sobre o nome do OVISA: “A primeira impressão é chocante, já ouvir falar em sacramentos. Cheira a coisa de padres e pode afastar.”
Fez também algumas observações sobre temas que poderiam ser introduzidos em cada sacramento, alertando para: “Nunca falar pecado mortal. Temos que ter consciência da redenção e não do pecado”. E dirigindo-se para o Eduardo Lima: “Lima, apesar de todo entusiasmo e vibração, não grite tanto”. Outra observação importante de Pe. Mário: “Estabelecer tempo máximo para cada palestra e variável para cada assunto. Nenhuma palestra deve ser cansativa. Ninguém deve ter a preocupação de esgotar o assunto”. Pe. Mário também falou da importância de se rezar antes e depois de cada palestra, podendo ser uma oração espontânea.
Fez outras observações e concluiu que “o Encontro foi válido e os resultados comprovam”. Aliás, a maior prova de que Pe. Mário aprovou o Encontro para Casais, foi que, depois, ele saia por diversas cidades, em cada fim-de-semana pregando retiros para casais. Pe. Irineu estava feliz com o resultado. Claro que fez algumas observações, mas, já quis marcar o segundo Encontro para Casais. Nossa Senhora, evidentemente havia estado presente durante todo o fim-de-semana, correspondendo à entrega que fizemos, e à proteção sob qual nos colocamos.
Entusiasmadas com o resultado do Encontro para Casais, Arani e eu tentamos convencer o Pe. José Calvão de transformar o OVISA da Paróquia Bom Pastor em OVISA para casais, mas ele, de maneira nenhuma concordou. Continuamos então intercalando encontros para senhoras no Centro Kennedy e encontros para casais no Liceu Nossa Senhora Auxiliadora. Chegamos a realizar seis OVISAS para senhoras, mas em maio de 1970 foi o último.
Quanto aos Encontros de Casais, iam muito bem. Para o segundo já contamos com os casais que haviam participado do primeiro, como equipe e até com casais da Paróquia como participantes. E a presença de 12 casais, nos animou. Foi quando a Irmã Juliette, orientadora de dirigentes de Cursilho, em São Paulo, comentou com Pe. Haroldo estar tendo dificuldade com as esposas de dirigentes. (O problema de maridos engajados e esposas descontentes, ou, vice e versa) Pe. Haroldo que nos acompanhava de perto e que até tinha colocado um roteiro do OVISA em seu livro “Treinamento de Liderança Cristã”, falou a respeito do Movimento OVISA que estava dando ótimos resultados, dando-lhe meu endereço.
Quando recebi a carta de Irmã Juliette, imediatamente comuniquei-me com a Arani e, de acordo com ela, liguei oferecendo vagas no encontro seguinte. Primeiro veio para participar e conhecer o OVISA, um casal de São Paulo. No Encontro seguinte participaram: Irmã Juliette e mais quatro casais e, no quinto OVISA, em 2 a 4/10/1970 vieram mais três casais. Não havia dúvidas, eles tinham aderido ao OVISA e estavam felizes porque os casais estavam JUNTOS fazendo o apostolado e havia paz e harmonia.
Como eram engajados e tinham prática, não teriam dificuldade em organizar um Encontro para Casais. Pediram para levarmos o OVISA para São Paulo-SP. Surgiu então um impasse, seria válido levar o OVISA fora do Liceu? Para mim a pergunta soou como absurda. E minha resposta foi imediata: “Não estamos vinculados ao Liceu. Temos autorização do Arcebispo e, se o Bispo deles permitir, nós vamos para São Paulo”. E depois de Irmã Juliette e Pe. Lourenço Roberge – CSC terem conseguido a autorização do Bispo da Região, realizamos o 1° Encontro de São Paulo, no Colégio Santa Cruz, a 7 a 8/11/70.
E outros se seguiram…..São Paulo estendeu o OVISA a outras paróquias e cidades. Em 5 a 6/12/70 a equipe de São Paulo já realizou o 1° OVISA no Centro Agostiniano, para casais da Paróquia São Carlos Borromeu, no Belém, bairro de São Paulo. É por isso que digo que não devemos desanimar diante das barreiras. Se aceitássemos o primeiro “Não!” de Dom Antonio, o “Não” de levar o OVISA fora do Liceu, teríamos encerrado nossas atividades ou nem as teríamos iniciado. Por quê?
Lembro-me com carinho, do telefonema de Pe. Milton Santana quando, com a transferência de Pe. Irineu para Roma, houve mudança na programação local e o OVISA deixou de ser prioridade, sendo CANCELADO, uma semana antes o 9° Encontro programado. Fomos literalmente expulsos do Liceu, uma semana antes do Encontro.
Alertado pelo Pe. Hilário Micheluzzi, o bondoso Pe. Hilário, Pe. Milton me ligou dizendo: “Venham para cá, a Igreja Nossa Senhora de Fátima está de portas abertas para vocês”. E no dia combinado, lá realizamos, em 13 e 14 de março de 1971 o 9° OVISA, para o qual tínhamos equipe e candidatos preparados. Nossa Senhora continuava a nos proteger. Pe. Milton não só abriu-nos generosamente as portas como nos propiciou a oportunidade de, saindo do Liceu, entrar em muitas outras Paróquias, Colégios e cidades. Foi quando começou a verdadeira expansão do OVISA.
As irmãs do Centro de Pastoral Pio XII, tendo nos acolhido, para lá transferimos as nossas reuniões, e, com isso, muitos outros Padres se inteiraram do OVISA e deram grande apoio ao Encontro. Tendo sido informado do ocorrido, não sei por quem, Pe. Irineu, de Roma, escreveu-nos: “Se o OVISA for de Deus, vai continuar”. Alguém duvida que o OVISA seja de Deus? Viram até onde chegamos? Viram que não devemos recuar diante das dificuldades?
Em nossa expansão e tendo atingido outras cidades, Dom Antonio, nosso grande incentivador, que continuava a nos orientar, aconselhou-nos a escrever um manual a fim de transmitir nossa experiência e manter a unidade do movimento. Convocamos a equipe, Maria Lamego, alguns Padres. Foram reuniões e mais reuniões. Estava em Campinas Frei Van Balen, um teólogo holandês, residente em Belo Horizonte. Convidei-o para jantar em casa e, depois do jantar, o Mário, a Arani e eu, perguntamos tudo o que tínhamos duvidas, e ele, depois de ouvir-nos atentamente e elogiar nosso trabalho e interesse, respondeu: “Sejam como folhas secas e soltas ao sabor do Espírito”.
Nunca mais esqueci essa frase e a adotei para minha vida. Como é bom, a gente deixar-se conduzir pelo Espírito Santo. Depois de juntar todas as idéias, num tempo em que não havia a facilidade do computador, e se tinha que acrescentar trechos e recortes, colando aqui, riscando acolá; consideramos pronto o manual. Era hora de submetê-lo à correção da Lígia Abramides Testa, nossa revisora de Português. Novos recortes e acertos. Enfim, estava pronto para ser submetido à aprovação da Arquidiocese.
Com a aprovação vieram também escritas as palavras de Dom Antonio Maria Alves de Siqueira, nosso Arcebispo: “Cristianismo é, um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo.”(Ef. 4,5) Neste texto todos nós nos encontramos”. E ele ainda disse: “É importante que se saiba, sem dúvid,a iluminadas pelo Espírito Santo, quem foram as pioneiras em criar e realizar um encontro para casais no Brasil”.
Para nós o importante era que podíamos imprimir!!! Abrimos o Manual com as palavras escritas por Dom Antonio. Quanto à escolha do nome foi fácil, se devia ser um roteiro a seguir, seria adequado o nome: VIVENDO O OVISA. Para a distribuição não poderia haver melhor oportunidade, estaríamos realizando o 25° Encontro, em 16 e 17 de março de 1974. O OVISA estava com quase 5 anos. Convocamos casais das cidades onde se fazia OVISA: São Paulo, Sumaré, Itapetininga; para dar as palestras. Convidamos o Pe. John O’Connor, de Paranaguá, que estava interessado em conhecer o Movimento, e Pe. Irineu que tendo voltado de Roma, estava em Lorena.
Participaram candidatos de Campinas, Paranaguá-PR, Itapetininga-SP, São Paulo, Sumaré-SP, e até dois casais de Salvador-BA. No final da Celebração da Eucaristia, antes da Benção final, Dom Antonio levantou o VIVENDO OVISA, abençoou e o apresentou a todos. Aquelas palavras, e aquela salva de palmas, valeram, por todo o sacrifício, de meses de reuniões e de trabalho. Aquele congraçamento de cidades do 25° OVISA deu bons frutos: Pe. Irineu novamente se entusiasmou e pediu para a equipe de Campinas levar para Lorena-SP, e, em agosto de 1974 lá realizou o 1° Encontro do Vale do Paraíba; e, em março de 1975 aconteceu o 1° OVISA de Paranaguá, que também o espalhou para muitas cidades da região. Enquanto isso, a equipe de São Paulo levou para Botucatu-SP, Goiânia-GO, Corumbá-MS, Campo Grande-MS, Araraquara-SP.
Foi quando a equipe de Corumbá se propôs a levar o OVISA para Cuiabá-MT, e que Dom Bonifácio Picinini, Bispo da Diocese, nos escreveu, contando da intenção e dizendo “Que preferia que nós, as fundadoras, levássemos o movimento, porque ele sabia que os leigos gostavam de fazer mudanças e acréscimos, e por isso ele queria
DA FONTE, para ele mesmo fazer as modificações que achasse necessárias”.
Achando certa a observação, que mostrava o conhecimento dele a respeito do ser humano, telefonei, e acertamos de que, montaríamos uma equipe mista, com palestras distribuídas pelas duas equipes, e que nós coordenaríamos. Foi uma ótima oportunidade de conhecer pessoalmente a equipe de Corumbá-MS, e confirmar a impressão que já tínhamos por carta e por telefone. Em 7 e 8 de fevereiro de 1976 fizemos o 1° OVISA de Cuiabá-MT. Aos 10 anos de OVISA mais uma vez a proteção de Nossa Senhora se fez sentir.
Vivíamos um momento difícil porque o nosso diretor espiritual, em Campinas, era um redentorista todo voltado para o social e que não via razão para continuarmos a fazer Encontros para casais; nossa comunidade teria que voltar-se para trabalho de periferia. Meu argumento de que já tínhamos feito OVISA de periferia, no bairro FURAZÓIO (o nome diz tudo) ,e que poderíamos realizar outros, não estava sendo suficiente. As antigas agradáveis reuniões tornaram-se desagradáveis.
Com a convicção do direito dos leigos que devem ser protagonistas, e a minha natural “rebeldia”, não poderia submeter-me à imposição de Pe. Rubens. E inspirada pelo Espírito Santo, fiz a seguinte proposta, primeiro para a Arani e o Mário, e depois para toda a equipe: “Vamos promover uma grande reunião, convocando todo mundo que trabalha com o OVISA!”. A aprovação foi unânime. Nossos contatos eram por algum intercâmbio, quando alguém pedia socorro para alguma palestra, com notícias por cartas, e telefone. Claro que trocávamos notícias.
Todos tinham conhecimento de até onde tinha ido o OVISA, mas era muito pouco. Nem entendo porque não promovemos esse Encontro antes. Telefonei para os coordenadores de cada cidade convocando representantes. Vieram representantes de: São Paulo, Sumaré, Itapetininga, Lorena, Paranaguá, Campo Grande, Corumbá, Cuiabá, Botucatu e Goiânia que nos surpreendeu chegando com um ônibus lotado. Foi lindo. Todos foram unânimes em testemunhar que o OVISA dava certo como era. Foi a primeira ASSEMBLÉIA. Vou escrever um capítulo à parte só a respeito das Assembléias, mas sobre essa primeira, quero contar que houve um enriquecimento geral com a soma das experiências. Pude constatar comovida, como uma das mães do OVISA, que primeiro a mãe cuida dos filhos, e, mais tarde, é cuidada e socorrida pelos filhos e netos.
Era exatamente o que eu sentia: os filhos e netos, porque ali estavam representantes de cidades ramificações das primeiras; vinham ajudar a cidade-mãe. Vinham confirmar que o Encontro para Casais e a Vivência dos Sacramentos eram o melhor caminho para a família. Era novembro de 1979. Passada a Assembléia, a nossa equipe se reuniu e chegamos à conclusão de que, sem a menor dúvida, iríamos continuar a fazer o OVISA, como era e fui encarregada de comunicar ao padre a nossa decisão.
Também faz parte de nosso patrimônio histórico o cartão que ele nos enviou posteriormente: “Irmãos do OVISA! Nely me comunicou a opinião do grupo! Só me resta pedir mil desculpas pelo fato de eu ter prejudicado tanto a sua caminhada! Retiro-me imediatamente para que vocês possam encontrar alguém mais capaz, e têm muitos, de os acompanhar! Contem com minhas orações! A Missa de hoje, dia 23, será só para vocês. Um abraço a cada um Pe. Rubens. E assim continuamos a realizar o OVISA.
Em 1980, Dom Antonio passou a ser Bispo emérito, retirando-se e entregando a Arquidiocese para Dom Gilberto Pereira Lopes que já estava como bispo auxiliar. Arani e eu íamos sempre visitá-lo no Pensionato São Rafael, onde ele foi morar. Ficávamos pesarosas de vê-lo tão isolado e esquecido. Continuava a se interessar por nossas notícias e amizade. Sem dúvidas, era nosso amigo.
Nem chegamos a solicitar a Dom Gilberto, um novo diretor espiritual para o Movimento, porque, um dia chegou a minha casa o novo diretor do Liceu Salesiano, Pe. Dilermano Luiz Cozzati, pedindo para voltarmos ao Colégio. Ele contou que estava diante do Sacrário pedindo luzes para conduzir o Colégio quando sentiu, literalmente, um vento e o Espírito Santo soprou para ele a palavra OVISA. Ligou para o Paulo Paulucci, da equipe da Lapa, em São Paulo, que explicou onde eu morava e ele foi bater lá em casa. Claro que aceitamos o convite e voltamos felizes, e ele passou a ser nosso Diretor Espiritual.
Era 1980. O 51° OVISA já foi feito no Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Continuávamos a ser abençoados e o Movimento a se expandir. A primeira Assembléia gerou a necessidade da segunda que se realizou em Goiânia-GO, graças ao grande número de participantes da primeira. E outras se seguiram. O Movimento crescia e em 1982 criamos um Secretariado para gerir o OVISA. A primeira Presidência coube a São Paulo-SP e o casal presidente foi Alice e Délio Silveira tendo, em sua gestão, elaborado os primeiros estatutos com apoio e orientação do Dr. Enivan Gentil Barragan, advogado, ovisista e membro do primeiro Secretariado.
Sucederam-se diversas presidências e os estatutos foram diversas vezes revistos e atualizados. Em maio de 1998 a Arani faleceu, sem ter o OVISA sido reconhecido pela
CNBB, conseguido em 15/12/1998, quando a Presidência estava em Campo Grande-MS, sob a gestão da Lili e do Walter Gobbo. Também em dezembro de 1998 a Arquidiocese de Campinas completou 90 anos e me foi pedido que escrevesse pelo OVISA para o Órgão Oficial da Arquidiocese, uma edição de A TRIBUNA especial.
Prestando uma homenagem à Arquidiocese, prestei também uma homenagem à Arani. Em 2003 saiu a terceira edição do Manual VIVENDO O OVISA elaborada e atualizada pela equipe de Itajubá e Maria da Fé-MG – Presidência Nacional daquele período, trazendo na capa de traz a surpresa de uma fotografia das fundadoras, há
muito tempo solicitada pelas presidências, e que a Arani quis tirar no dia em que soube que estava com câncer. Voltando da 17ª Assembléia Nacional do OVISA (Orientação para a Vivência Sacramental), em Campo Grande-MS, estávamos no aeroporto, Rosabel e Francisco De Chiaro, casal formação da Igreja São Carlos Borromeu, em São Paulo e Vera Lucia e José Roberto Paschoini, da equipe da Igreja Santo Antonio, em Campinas, SP e conversávamos sobre acontecimentos do começo do OVISA. Foi quando Rosabel me disse: “Você precisa escrever tudo isso senão essa história se perde no tempo. É importante que tudo isso fique registrado para a posteridade”.
Chegando a Campinas comentei com a Neide Baldovinotti, coordenadora do Núcleo da Igreja Santo Antonio, e ela não só aprovou totalmente a idéia como se ofereceu para ajudar no que eu precisasse, aliás, como fez na 3ª Edição do Manual VIVENDO O OVISA. Pedi ao casal Cristina e Élio Trevisan que viessem à minha casa para desarquivar o material que eu havia fornecido para a 16ª Assembléia Nacional, em Campinas e que a Cristina havia perfeitamente organizado. Esse material contém a
verdadeira história do OVISA:
- O caderno em que escrevemos à mão o primeiro roteiro;
- A avaliação e correções para o segundo Encontro;
- Os nomes das primeiras equipes;
- As transformações para Encontro de Casais; etc… etc.
Comentando com a Lígia Abramides Testa, que sempre, generosamente, se prontificou a fazer a Revisão de nossos livros, ela me disse: “Você deve começar contando quem são vocês. É importante que fique registrada a história das fundadoras”. Concordando com todos liguei para a família da Arani pedindo dados do tempo em que eu ainda não a conhecia, explicando o motivo de minha solicitação. Seu irmão Orandir, sua cunhada Heloisa e sua prima Marina se prontificaram a me fornecer as informações e a me enviar fotos de sua infância. Conversando com eles percebi o quanto a Arani foi importante em suas vidas e a saudade que têm dela.
É lógico que além da minha biografia não poderia deixar de fazer também um relato da vida de nosso padrinho Dom Irineu Danelon, hoje Bispo de Lins-SP. É muito importante que se saiba quem foram as pessoas que, sem dúvida, iluminadas pelo ESPÍRITO SANTO, iniciaram o primeiro ENCONTRO PARA CASAIS, no Brasil, segundo o Arcebispo Dom Antônio Maria Alves de Siqueira.
Maria Nely Torres Babini
Agosto de 2008.